Um minuto
de silêncio pra essa capa que definitivamente é a mais fofa da minha estante,
ela é tão delicada e doce que chega a doer! Porque sem dúvidas consegue resumir
bem como é essa história. Corey é uma das minhas autoras favoritas, ela
escreveu Uma história de amor e TOC que você pode conferir a resenha AQUI, se ela me conquistou falando
sobre transtornos psicológicos... Quando o assunto foi drama familiar,
compulsão estética e relacionamentos... Eu ganhei um bela tapa na cara que foi
suficiente para me acordar.
Eu
prefiro não parafrasear a sinopse do livro aqui, nessa resenha gostaria de
fazer algo diferente, contar a confusão de sentimentos que esse livro me
proporcionou, e como a personagem principal é frágil e real.
Montana
é a filha mais nova de um homem que é cirurgião plástico, ela e sua irmã
Arizona foram abandonadas por sua mãe quando pequenas, quem cuidou de sua
criação foi seu pai, acontece que Arizona é um pouco mais velha e então já está
no período da faculdade, foi embora de casa, o que era antes "Montana e
Arizona contra o mundo e as madrastas" hoje é só "Montana
sozinha", ela sem dúvidas sente falta da irmã e vê com olhos tristes como
Arizona mudou, o que mais assusta-a é saber que sua irmã colocou silicone, uma
promessa completamente quebrada! Por mais estranho que isso soe, é preciso
entender que o pai das garotas é um cirurgião completamente obcecado por
perfeição, ele é o tipo de médico que rabisca moldes de cirurgias em qualquer
local, redesenha as modelos de capas de revistas e pra minha surpresa... No
aniversário das garotas ele deu uma espécie de vale cirurgia, para que quando
elas se tornassem maiores de idade, fizessem a cirurgia plástica que bem
entendessem... Isso é doloroso demais, com isso Montana absorve que é
imperfeita aos olhos de seu pai e nunca vai ser boa o suficiente. Como se não
bastasse ele tem um histórico de casamentos fracassados que chega a dar medo,
infelizmente as irmãs já estão acostumadas com madrastas entrando e saindo de
suas vidas o tempo todo, é triste.
Mas nada é
tão ruim que não possa piorar, a nova madrasta é alguém que Montana JAMAIS irá
aceitar, seu pai se relacionar com ela é um golpe tremendamente baixo, não
revelarei nomes pra não dar spoiler, mas a madrasta em questão é um eixo
principal na história toda e ela não me agrada, quem lê a obra e acompanha a
situação de fora consegue perceber o quanto ela é falsa, dissimulada, espaçosa
e tremendamente tóxica para a família, mas ainda assim o casamento vai
acontecer.
Acho
a intenção de Corey é mostrar como essas relações impensadas podem interferir
terceiras pessoas, o fato do pai obcecado se relacionar com tantas mulheres
criou traumas que nunca vão cicatrizar nas garotas, sem contar que ter alguém
em sua casa que tenta impor o padrão da estética perfeita é algo ruim demais
quando se trata de adolescentes.
Montana
é frágil, totalmente manipulável, posso contar nos dedos quantas vezes ela
decidiu algo por vontade própria, o tempo todo as pessoas influenciam suas
decisões e ela parece ser o tipo de pessoa que se sujeita a qualquer coisa para
não criar um conflito, graças a isso muitas vezes ela se machuca. Já Arizona...
É uma irmã que tinha tudo para ser uma irmã fofa e adulta, mas no máximo é
amarga. Bernardo é um dos poucos pontos felizes na história, ele é
completamente apaixonado por Montana e é capaz de fazer qualquer coisa por ela,
como por exemplo pintar o cabelo de rosa ou fazer uma tatuagem, ele tem um ar
todo poético e é muito fofo observar ele pelos olhos de Montana, ela tem um
amor doce e sincero pelo rapaz.
Corey
soube conduzir a história com maestria, não é uma trama cheia de pontos altos
nem nada, é a história sobre a reconstrução de uma família e como se esforçam
para juntar as migalhas, como as pessoas são facilmente substituídas e como
essa ideia de corpos perfeitos é capaz de adoecer as pessoas. A única coisa que
eu ressaltaria é como o final deixou algumas pontas soltas, faltaram algumas
respostas, mas que ainda assim essa maneira de finalizar foi importante pra me
fazer refletir.
“Eu sou um território. Eu sou uma coisa na qual as pessoas colocam bandeiras. Querem declarar que pertenço a elas. Isso é uma coisa totalmente nova. Eu estou acostumada a ser uma coisa abandonada. Uma meia esquecida ou um brinquedo que já não se que mais, uma lembrança vaga e simbólica de uma época da sua vida. Eu sou Montana que assistiu à mudança de Tess ou a Montana que recebe um cartão por ano da mãe ou a Montana cuja a irmã se diverte mais sem ela.”

Título: Bela Gratidão
Autora: Corey Ann Haydu
Editora: Galera Record
Nº de Páginas: 432
Sinopse: "Um romance sobre amadurecimento e a dureza de crescer em uma cultura que exige das mulheres nada menos que a perfeição. Corey Ann Haydu explora as complexidades da família, os limites do amor e quão duro é crescer em uma cultura que premia a beleza acima de qualquer outra coisa e cobra das mulheres nada menos que a perfeição. Uma leitura atual que dialoga direta e honestamente com a multiplicidade de questões enfrentadas por adolescentes e jovens no mundo todo – a confusão do primeiro amor, os dramas familiares e a construção da própria identidade no meio de toda essa loucura. O livro está cheio de personagens realistas, que tropeçam nos próprios medos e cometem erros com alguns dos quais é impossível não se identificar. Montana e sua irmã Arizona têm um pacto desde que a mãe as deixou: São elas duas contra todo o mundo. Com o pai sempre imerso em relacionamentos tóxicos e uma sucessão de madrastas essa foi a maneira que encontraram de seguir em frente. Mas agora que Arizona foi para a faculdade Montana se sente deixada pra trás e perdida, mergulhando em uma amizade vertiginosa e empolgante com a ousada Karissa. No meio disso tudo, Montana encontra uma distração em Bernardo. Resta saber se Montana têm a confiança necessária no que sentem um pelo outro para encaixar Bernardo na sua vida imperfeita."
*Exemplar cedido em parceria com a editora.