Apesar de
ter me apaixonado pela imagem dessa coroa na capa assim que coloquei meus olhos
nela, eu sinceramente não sabia o que esperar quando peguei esse livro. Fiquei
receosa no começo, mas aos poucos ele foi me cativando por ser de um tipo que
eu aprecio muito: original, diferente. Ele não conta uma história de heróis,
com toda aquela coisa de mocinhos e vilões, apesar de algumas vezes trazer a
tona alguns leves traços disso. É uma história que envolve traições, ambição,
religião, destino, vingança e magia. Há reis loucos tentando conquistas cada
vez maiores, manipulações feitas para o bem e para o mal e um mar de
sentimentos conflituosos. Não é uma história perfeita, mas de certa forma me vi
muito apegada.
Garn era
constituida por Cinco Grandes Reinos que viviam em paz, até o dia da traição,
quando o equilíbrio foi quebrado. Quando a Itrácia, lar da real e lendária
família dos jubardentes e nomeado Reino das Chamas, se tornou cinzas graças a
uma campanha ambiciosa liderada por Lodavico de Sandura. Mesmo vencendo, não
havia vitória de fato naquele dia, porque todos sabiam o preço que tinha sido
pago por aquela traição, assim como sabiam as consequências que aquele ato
ainda traria. E Daylon, Declan e Hatushaly tem um papel fundamental na nova
guerra que está por vir.

Daylon Dumarch
não é apenas um nobre, governante do baronato mais poderoso de toda Garn, mas
também um guerreiro inteligente e calculista, que planeja cada um dos seus atos
com paciência e sabedoria. É poderoso o bastante para ser respeitado pelos
reis, rico suficiente para ser um e astuto na medida certa para saber usar uma
vantagem quando vê uma. Declan, após anos de trabalho duro, conseguiu realizar
seu sonho, ser um mestre ferreiro, o mais jovem desse oficio. Talentosos,
habilidoso e inteligente, logo consegue o que quer quando vai para Cerro de
Beran, nas terras de Daylon Dumarch, estabelece sua forja e está pronto para
começar uma família, mas após uma perda, acaba percebendo que o destino, assim
com o próprio barão, tem planos bem mais elaborados para o seu futuro.
Hatushaly foi criado em Coaltachin, a Nação Invisível, um reino sem reis
governado por um Conselho formado pelos mestres mais poderosos, no qual o maior
lucro é ganho por meio de espionagem, traições, roubos e assassinatos. Um povo
que presa apenas os seus acima de tudo. Hatu nunca soube de onde veio ou quem
foram seus pais, ele apenas sabe que é diferente dos demais, com a cor incomum
de seus cabelos e o tratamento diferente que recebe desde a infância. Junto com
sentimentos conflituosos que ele foi obrigado a guardar para si devido a seu
treinamento, uma raiva poderosa e sem precedentes cresce dentro de si. Ele
apenas não sabe que tem muito mais por traz disso e de sua real origem do que
jamais imaginou.
É difícil
saber de qual parte falar primeiro, até porque esse é apenas o primeiro volume
da história, de certa forma é apenas um prólogo comparado ao que ainda está por
vir, onde por enquanto temos uma construção dos personagens e dos fatos que
levaram ao fim da paz e ao início da guerra. E, apesar de a história
centrar-se em Hatu e Declan, achei importante mencionar o barão Daylon, não
apenas porque gostei muito dele, mas porque ele está envolvido em todo esse
meio e sei que ainda fará muito nos próximos episódios. Uma coisa que gostei
nesse livro, embora eu as vezes me visse um pouco perdida, é o fato de mostrar
múltiplas pontos de vista, nos permitindo conhecer um pouco mais de outros
personagens, e possibilitando uma ideia mais global de toda a confusão que está
acontecendo, de toda a multiplicidade de interesses que estão sendo postos em
cheque. O livro também possui cenas bem descritivas e detalhadas, não apenas da
rotina dos personagens, mas também dos lugares e dos costumes, as vezes com
informações que são explicadas mais de uma vez, o que por várias fez com que eu
me perguntasse se estava perdida no livro por me parecer um trecho familiar. De
certa forma, embora não tenha gostado muito a princípio, acabei percebendo que
isso também ajuda a captar e entender alguns mistérios que o autor foi semeando
no decorrer da história, características de personagens ou algum aspecto que em
um ponto de vista não parece de muita importância, mas que quando você entende
faz todo o sentido para as peças se juntarem.
Fiquei
confusa em alguns pontos e em outros eu tinha que voltar e reler algumas
páginas, principalmente em capítulos mais longos, que se mostraram um pouco
cansativos as vezes, principalmente quando os personagens ficam muito perdidos
em pensamentos ou bagunçam a cronologia. Mas, mesmo parecendo contraditório, há
alguns momentos na história em que gostei dessa parte reflexiva dos
personagens, de suas frustrações, dúvidas, medos, de sentimentos que não
entendiam ou aqueles que não podiam expressar, por saberem o perigo que eles atrairiam.
Pelo menos para mim, nenhum deles parece personagens forçados. Há aqueles sobre
os quais ainda estou construindo uma opinião, outros dos quais já espero alguma
coisa, mas posso dizer que qualquer um ali pode nos surpreender. Ainda há
muitas dúvidas e mistérios no ar, ainda há muitas lutas por vir e só posso
dizer que estou extremamente ansiosa pelo próximo volume.
“Prepare-se;
não para as pequenas guerras que irão nos atormentar logo, mas para uma como
essa, em que coroas são o objetivo.”
Título: O Rei das Cinzas (A saga dos Jubardentes #1)
Autor: Raymond E. Feist
Editora: HarperCollins
Nº de Páginas: 512
Sinopse: "O mundo de Garn já foi composto de cinco grandes reinos, até que o rei da Itrácia foi derrotado e todos os membros de sua família foram executados por Lodavico, o implacável rei de Sandura, um homem com ambições de dominar o mundo. A família real de Itrácia eram os lendários Jubardentes, e representavam um grande perigo para os outros reis. Agora restam quatro grandes reinos, que estão à beira de uma guerra. Mas há rumores de que o filho recém-nascido do último rei de Itrácia sobreviveu, levado durante a batalha e acolhido pelo Quelli Nacosti, uma sociedade secreta cujos membros são treinados para infiltrar e espionar os ricos e poderosos de Garn. Com medo de isso ser verdade, e a criança crescer com um coração cheio de desejo de vingança, os quatro reis oferecem uma enorme recompensa pela cabeça da criança. Na pequena vila de Oncon, Declan é um aprendiz de ferreiro, aprendendo os segredos da produção do fabuloso aço do rei. Oncon está situada na Covenant, uma região neutra entre dois reinos. Desde que a área de Covenant foi declarada, a região existiu em paz, até a violência explodir com traficantes de escravos indo até a vila capturar jovens homens para serem soldados em Sandura. Declan precisa escapar, para levar seu conhecimento precioso para o barão Daylon Dumarch, comandante de Marquensas, talvez o único homem que pode derrotar Lodavico de Sandura, que agora se aliou à fanática Igreja do Deus Único e está marchando pelo continente, impondo sua forma extrema de religião sobre a população e queimando descrentes pelo caminho. Enquanto isso, na ilha de Coaltachin, o domínio secreto da Quelli Nacosti, três amigos estão sendo instruídos nas artes mortais de espionagem e assassinato: Donte, filho de um dos mais poderosos mestres da ordem; Hava, uma menina séria com habilidades de luta que poderiam derrubar qualquer oponente; e Hatu, um rapaz estranho e conflituoso no qual fúria e calma lutam constantemente, e cujo cabelo é de um tom brilhante e ardente de vermelho." *Exemplar cedido em parceria com a editora.