Eu não
conhecia a editora Morro Branco até certo tempo atrás, mas se posso dizer uma
coisa é que ela nunca decepciona. Quando eu vi a capa de A Cidade de Bronze
pela primeira vez eu me vi completamente apaixonada, porque sinceramente, essa
edição, essa capa, é simplesmente maravilhosa. E, apesar do tamanho assustar um
pouco, quando abri o livro eu me vi consumindo uma página atrás da outra
furiosamente. Eu me vi apaixonada pela riqueza dele.
Nahri é uma
golpista de incrível talento e, apesar de possuir habilidades peculiares, como
descobrir as doenças de outras pessoas sem precisar examina-las e de conseguir
curar, ela não acredita em magia. Para ela, leituras de mãos, curas e coisas do
tipo são apenas truques, parte dos golpes que pratica para sobreviver nas ruas
do Cairo. Ela cresceu sozinha, aprendeu a se proteger desde muito cedo e vive alimentada
pelo sonho de um dia conseguir dinheiro o suficiente para ir para Istambul e
estudar medicina, assim como de saber um pouco mais sobre sua origem.
Porém, sua
vida muda drasticamente quando em uma noite, ao liderar uma cerimônia para
ajudar uma jovem atormentada, Nahri acidentalmente convoca Dara, um poderoso
guerreiro djinn que
acaba salvando sua vida. A partir disso ela descobre que o mundo não é o que
parecia, que criaturas mágicas existem e que nem tudo que ouviu nas antigas
histórias era mentira. Assim como também descobre que há mais em sua verdadeira
origem do que ela podia imaginar, com direito a inimigos que farão de tudo, ou
para matá-la ou para usa-la.
Junto de
Dara (que não estava muito feliz com a ideia) ela precisa ir até Daevabad, onde
está a lendária Cidade de Bronze, único local onde ela pode ficar segura. Mergulhada
nesse novo mundo cheio de conflitos, Nahri faz amizade com Alizayd, um príncipe
idealista que, mesmo não sendo o próximo na linha de sucessão, sonha em
revolucionar o regime corrupto de seu pai. Ressentimentos fervilham pelos
portões da Cidade de Bronze ameaçando recomeçar uma antiga guerra, pessoas
traiçoeiras dançam conforme um intenso jogo político e Nahri acaba aprendendo,
de maneira dolorosa, que certos esquemas tem consequências mortais.
Eu sempre
adorei fantasia e esse livro não me decepcionou ao me apresentar um mundo
completamente novo e mágico. Um mundo, assim como os personagens, fora dos
padrões. Eu amo isso, esse tipo de inovação. O tipo de história que te cativa
do começo ao fim, que faz você realmente mergulhar nas páginas. E eu adoro
personagens fortes, então não tem como não dizer que adoro a Nahri. Ela é um
pouco imatura em certos pontos, mas também é tremendamente forte e
independente. Ela cresceu e teve que se virar sozinha, sem ter pessoas em quem
confiar, que a protegessem em um lugar que não era seguro, ainda mais para uma
mulher sozinha. É admirável. E eu admirei ela também por, mesmo entrando em
choque com um mundo no qual ela não acreditava, ter que lidar com coisas que
estavam fora de sua compreensão, nunca hesitar em lutar. Certo, ela não é
perfeita, tem alguns momentos que eu fiquei com muita raiva dela, mas ainda
assim, ela é uma grande personagem.
O Dara
(suspiro), ele é o tipo de personagem que já chama sua atenção desde o começo.
Ele não é o príncipe de cavalo branco, sabe ser tremendamente bipolar e...
Apaixonante. Não tem como não se encantar com ele. Ficar brava com ele, por
ele. O Dara é aquele personagem que mesmo quando algo é esclarecido a respeito
dele, tem mais meio milhão de coisas para se saber a respeito. Que tem muito
mais a explorar. Nem preciso dizer que amo ele, não é? Quanto a Alizayd al
Qahtani, ou Ali, eu não sei o que dizer a respeito. Eu fico entre gostar dele e
ter o mais profundo ranço. Teve momentos que eu gostei dele, que realmente
simpatizei, mas teve outros, um mais específico, que eu fiquei com uma vontade
imensa de entrar no livro e sufoca-lo até a morte. Mas assim são bons
personagens, aqueles que conseguem provocar emoções fortes em você.
O livro é
narrado em terceira pessoa, alternando entre o ponto de vista de Nahri e o do
Ali, o que é um bom contraste para toda a intriga que se desenrola, para
sabermos os dois lados. Não só os personagens como toda a história é bem
construída, sendo rica, como falei anteriormente, em história, apresentando uma
imagem do Oriente Médio, em mitologia, em cultura, não deixando nada a desejar
nesse aspecto, além de possuir um glossário para orientar com termos e
nomenclaturas desconhecidas. É uma história complexa e interessante. A leitura
é fácil, gostosa, tanto que tem momentos (pelo menos para mim foi assim) em que
eu me via completamente absorta na história, consumindo uma página atrás da
outra sem nem perceber. Eu sorri de algumas situações, eu me irritei (MUITO),
quis matar e estrangular uns e outros, e também chorei. De tristeza e de raiva,
porque COMO A AUTORA PODE FAZER UM FINAL DAQUELES? Eu fiquei com o coração na
mão, apertado, desesperada por respostas, por mais. Vai ser uma agonia ter que
esperar até o próximo livro, mas só me resta esperar ansiosamente pelo próximo
volume.
“E eles controlarão os ventos e serão os senhores dos desertos. E qualquer viajante que se perca em sua terra estará condenado...”
Título: A Cidade de Bronze (Daevabad #1)
Autora: S. A. Chakraborty
Editora: Morro Branco
Nº de Páginas: 608
Sinopse: "Cuidado com o que você deseja... Nahri nunca acreditou em magia. Golpista de talento inigualável, sabe que a leitura de mãos, zars e curas são apenas truques, habilidades aprendidas para entreter nobres Otomanos e sobreviver nas ruas do Cairo. Mas quando acidentalmente convoca Dara, um poderoso guerreiro djinn, durante um de seus esquemas, precisa lidar com um mundo mágico que acreditava existir apenas em histórias: para além das areias quentes e rios repletos de criaturas de fogo e água, de ruínas de uma magnífica civilização e de montanhas onde os falcões não são o que parecem, esconde-se a lendária Cidade de Bronze, à qual Nahri está misteriosamente ligada. Atrás de seus muros imponentes e dos seis portões das tribos djinns, fervilham ressentimentos antigos. E quando Nahri decide adentrar este mundo, sua chegada ameaça recomeçar uma antiga guerra. Ignorando advertências sobre pessoas traiçoeiras que a cercam, Nahri embarca em uma amizade hesitante com Alizayd, um príncipe idealista que sonha em revolucionar o regime corrupto de seu pai. Cedo demais, ela aprende que o verdadeiro poder é feroz e brutal, que nem a magia poderá protegê-la da perigosa teia de intrigas da corte e que mesmo os esquemas mais inteligentes podem ter consequências mortais." *Exemplar cedido em parceria com a editora.